A Linha ferroviária do Hejaz, que ia de Damasco até Medina, através da região de Hejaz, na Arábia Saudita, era um dos principais caminhos de ferro do Império Otomano e uma rota vital através do deserto. A linha que foi construída para transportar os peregrinos do Hajj, da Síria até à Arábia Saudita.
Hoje, apesar de haver um ou dois museus recuperados, a maior parte da linha está abandonada e esquecida no deserto, com os caminhos de ferro engolidos pela areia e carruagens e locomotivas tombados e cobertos de areia e arbustos.
Em Setembro de 2019, finalmente foi anunciada a introdução de um sistema de visto de turismo para a Arábia Saudita. Cidadãos de vários países do mundo podem visitar a Arábia Saudita livremente por 90 dias, dando a possibilidade a quem tem interesse, de se visitar vários pontos interessantes da abandonada Linha ferroviária do Hejaz.
Quando a Primeira Guerra Mundial começou todos os trabalhos de construção foram interrompidos. Os árabes, liderados pelo oficial estratégico britânico T.E. Lawrence, mais conhecido como Lawrence da Arábia, revoltaram-se contra o domínio turco, e a linha do Hejaz tornou-se um alvo importante.
As forças de guerrilha comandadas por oficiais britânicos explodiram grandes secções da linha, pontes, e pela primeira vez na história, uma locomotiva em movimento. O que resta da locomotiva rebentada por Lawrence da Arábia está ainda no meio do deserto.
Linha do Hejaz
O sultão Abdul Hamid II fez um grande esforço para modernizar o transporte e os meios de comunicação durante o Império Otomano. Estabeleceu linhas telegráficas e caminhos de ferro que ligavam várias povoações importantes otomanas.
A Linha ferroviária do Hejaz foi construída para atender às necessidades dos peregrinos que viajavam para Meca. A sua construção levou oito anos e a primeira etapa do projecto desde Damasco até Daraa começou em Setembro de 1900 e o primeiro comboio (trem) chegou a Medina em Agosto de 1908.
O trabalho de construção foi realizado por engenheiros alemães e turcos com a mão de obra de trabalhadores locais recrutados nas áreas ao longo do percurso. O sultão planeava estender a linha de comboio até Meca e descer a costa do Mar Vermelho até ao Iémen, mas os planos foram interrompidos por causa da Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Factos interessantes:
- Pequenas estações, todas com o mesmo estilo arquitectónico foram construídas ao longo da linha entre Al Ula e Hadiyya.
- Rocha vulcânica foi usada como material de construção para as estações e pontes entre Al Ula e Medina.
- Há dezenas de estações de comboio, carruagens e locomotivas enferrujadas abandonadas no deserto.
- A parte que ficou completa até Medina tem 1300 km, 400 km de distância de Meca.
- O sultão proclamou que a linha de comboio não deveria ir além de Medina após uma rebelião desencadeada pela tribo de Harb em Medina que se opôs à construção da linha entre Medina e Meca alegando a perda de empregos e dinheiro que faziam do transporte dos peregrinos a camelo.
- A Linha ferroviária do Hejaz está em fase de candidatura para ser mais um local UNESCO na Arábia Saudita.
Linha do Hejaz na Arábia Saudita
Mapa de Património
Museus, estações, pontes e locomotivas abandonadas da antiga linha ferroviária do Hejaz na Arábia Saudita. Navegue no mapa e vá explorando os locais clicando nos marcadores azuis.
Fotografias
Datas Importantes
Data | Descrição |
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Setembro de 1901 | Comemoração da finalização do troço Damasco-Daraa na Síria. |
Dezembro de 1903 | Aberto o troço até Amã, a capital da Jordânia. |
Setembro de 1904 | Acabado o serviço até Ma’an na Jordânia. |
Setembro de 1906 | Chegada da primeira locomotiva a Tabuk já na Arábia Saudita, estação importante que incluía alojamento e uma quarentena médica. |
Setembro de 1907 | Comemoração da finalização do troço até Al Ula. |
28 de Agosto de 1908 | O primeiro comboio de Damasco chega à estação Al-Anbariyyah em Medina e foi comemorado com a presença de milhares de pessoas e militares. |
1909 | O sultão Abdulamide II foi deposto do poder e morreu no exílio em 1918. |
De 1909 a 1917 | A Linha ferroviária do Hejaz funcionou como planeado até o início da Primeira Guerra Mundial. |